sexta-feira, 3 de julho de 2009

Onde está Deus?

Dois momentos importantes marcaram a minha vida enquanto estudava música no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, que me fizeram enxergar algo que ainda não via com relação aos dogmas que aprendi. Cresci à margem da cultura global, nunca pude compartilhar de nada que não fosse de autor dito cristão, com isso, me fecharam em mundo irreal (como no filme A Vila).
Virada do ano de 2003 e inicio de 2004, estava passando para o segundo ano do curso de Bacharel em Música Sacra, tive que tomar uma decisão. Aprisionar-me novamente em um novo e falso dogma e continuar recebendo a graça de estudar gratuitamente ou, romper com o dogma e arcar com as despesas de todo o restante de curso.
2004 estava eu sentado com dois diáconos e meus pais, minha mãe chorando dizendo desesperadamente aceitar a imposição que o pastor fizera a mim, meu pai neutro, mas, sabia que também era a sua vontade que eu continuasse a receber a ajuda do pastor (quem me mandou para o STBSB foi ele e não a Igreja). Enquanto conversávamos ouvi coisas dele, como:
- Você nunca vai conseguir trabalhar com música dentro da igreja, você nunca será nada.
- Para que eu continue pagando o seu carnê, você tem que fazer o que eu quero e não a sua vontade.
- Ministério de música é tocar piano e reger.

O que propus para ele era trabalhar com o que entendia ser a vontade de Deus para a minha vida e aquilo que eu tinha de melhor para oferecer naquele momento, já que eu era ainda primeiro ano de um curso e que meu instrumento sempre foi violão, meu piano era medíocre. Mas ele me impôs a sua vontade e assim se deu. Em 2004 estava sem igreja para me ajudar financeiramente e sem um pastor.
Diante de uma angústia refletida em minha face, estava na livraria saraiva na Tijuca e de repente tocou uma música que iria para sempre modificar a minha vida. Dizia assim:

Mas é claro que o sol
Vai voltar amanhã
Mais uma vez, eu sei
Escuridão já vi pior
De endoidecer gente sã
Espera que o sol já vem
Tem gente que está do mesmo lado que você
Mas deveria estar do lado de lá
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Tem gente enganando a gente
Veja nossa vida como está
Mas eu sei que um dia a gente aprende

Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança

Mas é claro que o sol vai voltar amanhã
Mais uma vez eu sei
Escuridão já vi pior
De endoidecer gente sã
Espera que o sol já vem
Nunca deixe que lhe digam
Que não vale a pena
Acreditar no sonho que se tem
Ou que seus planos nunca vão dar certo
Ou que você nunca vai ser alguém
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Mas eu sei que um dia a gente aprende

Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança


Esta letra nunca me trouxe nenhuma novidade, já que tudo o que há de positivo nela eu encontro na mensagem de Cristo, mas, a novidade que percebi foi que era um não cristão que estava fazendo com que eu se lembrasse da mensagem bíblica, quem estava me confortando era Deus através do Renato Russo. Então foi que percebi que Deus além de usar uma mula, também usa a cultura secular para poder alertar e doutrinar a humanidade. Não foi este mesmo cantor “profano” que fez milhares cantarem esta mensagem?

- É preciso amar as pessoas como se não houvesse o amanhã

Não são estas as palavras de Cristo? Amar ao próximo como a si mesmo.

A partir deste dia, esta canção se tornou a minha canção. Já passei horas cantando repetidamente chorando nos momentos de crise e digo, Deus estava comigo em todo esse tempo.
O que aprendi e entendi?
Que infelizmente títulos não dizem nada, pois, este pastor, mesmo sendo considerado cristão, com tais palavras que proferiu estava sendo usado momentaneamente por satanás, já, Renato Russo um dito profano e excluído pela Igreja, momentaneamente foi usado por Cristo para escrever tal mensagem musical.
E assim é que desde o início da minha ida para o seminário ouvi satanás falando através de outros pastores ditos cristãos e ditos cristãos. Eles diziam em meio a gargalhadas para que eu tomasse cuidado com o Seminário, pois, havia lendas de muitos alunos homossexuais nesta instituição.
Anos se passaram e ainda ouço o rugir de satanás nas bocas de falsos cristãos a difamar esta instituição. A diferença é que estes não me enganam mais porque sei que o verdadeiro cristão ama, e quem ama é benevolente. Se não são cristãos, são o que? Pessoas que usufruem de um título para manter uma imagem de cristão.
No momento em que mais precisava de Cristo encontrei-o em mim, na vida dos que me ajudaram, na canção de Renato Russo e no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil. Seminário este que é feito de tijolos, pedras objetos incapazes de reter a maldade, só que infelizmente há homens estudando que carregam dentro si aquilo que não devia estar carregando. São eles que fazem uma instituição ser o que não é, pois, quem vai para o STBSB encontrar Deus o encontra. Se estes quando falam tais coisas não estão sob a influência de Cristo, tudo o que falarem não importa, pois, o cristão não deve dar ouvidos a satanás.
Enquanto tiver mães como West Ney e Ana Rutter; guerreiros como teve o Israel Belo e tem o Barrinha; pais como Theógenes e Ronald Rutter; sorrisos como os de Maria Celeste, Noêmia Marcelino, Claudiane, Elny ...etc.... Deus estará.
Deus habita apenas onde há amor, e enquanto existir pessoas que amam o STBSB Deus se fará presente.

Por que temos ídolos?


Um fato aconteceu e a imprensa noticiou:

“Morre aos 50 anos o ídolo pop Michael Jackson”


Michael foi um ser que marcou uma época, revolucionou a música popular americana e com isso influenciou o mundo já que os EUA é a grande potencia mundial e revolucionou a dança. Sabemos da importância que teve, mas, o que leva uma pessoa colocar sua vida na dependência deste ser mortal?

A idolatria não é um problema atual, o povo de Israel ao longo da sua jornada pelo deserto construiu vários ídolos para si, mas por que isso? A igreja católica introduziu as imagens apenas por cunho didático e hoje as pessoas colocam suas vidas nelas, por que isso?

Encontrei em Schopenhauer a resposta:


“Quanto a esse tema, Schopenhauer coloca que viver é sofrer, pois a vontade é infinita e jamais saciada, ao que se acrescenta que a base de todo querer é uma falta, uma indigência. Desse modo, o homem sendo a mais perfeita objetivação da vontade, é também o mais necessitante, sendo que sua vida oscila entre a dor e o fastio. Nesse sentido, é o desejo de viver que mantém o homem ocupado, para matar o tempo, de modo que o tédio se transforma em fator de sociabilidade.

Frente a isso, Schopenhauer coloca que por necessitar da dor para viver, cada ser possui o sofrimento de que precisa para tanto, ainda que não reconheça este fato. Esse não reconhecimento faz com que o homem aponte para motivos ou para circunstâncias exteriores a si para justificar o seu sofrer.

Pelo mesmo motivo, o homem elege ídolos de toda a espécie a quem possa servir. E ilude-se, pela última vez, na medida em que atribui a suspensão da sua dor por uma alegria que lhe seja exterior.”[1]


Sim é por não terem uma alegria interior é que estas pessoas constroem seus ídolos para poderem viver, assim se ancoram neles e continuem sua medíocre vida.

Vemos hoje, com um cristianismo superficial milhares de pessoas estarem dependentes de Igreja, de pastor para serem felizes?

Por que?

Porque estes não são capazes de sentir e nem reconhecer a grandeza de Deus fora dos contatos destes. Parece que Deus está preso, trancado nos discursos que ressoam pelas paredes das igrejas-pastores e por isso os ídolos crescem, pastores(as), bispos (os), apóstolos, missionários e ministros ficam milionários e o cristianismo empobrecido. É por isso que não fazemos a diferença em nosso pais, nossas cidades cada vez mais violentas, até mesmo em lugares que possuem evangélicos como a maioria da população. O que devemos fazer?

- Libertar Deus e dizer ao mundo que Ele habita em nós.

Quando isso acontecer não precisaremos mais de ídolos pois a graça dEle nos bastará.



[1] Sandra Portella Montardo A vontade de Schopenhauer a Nietzsche: um impulso para duas transcendênciashttp://bocc.ubi.pt/pag/montardo-sandra-schopenhauer-nietzsche.pdf

A Vontade submissa a Escolha

Algo de muito curioso na filosofia de Schopenhauer é observar que ele coloca a vontade como sendo a raiz metafísica do mundo e da conduta humana, ou seja, é ela quem rege todas as nossas atitudes.

E isso porque, dado que a vontade é insconsciente em si mesma, ela prescinde da ação do homem para tornar-se consciente de seu querer e do seu objeto.[1]


Segundo o autor de O Mundo como Vontade e Representação, a experiência interna do indivíduo assegura-lhe mais do que o simples fato de ele ser “um objeto entre outros”. A experiência interna também revela ao indivíduo que ele é um ser que se move a si mesmo, um ser ativo cujo comportamento manifesto expressa diretamente sua vontade. Essa consciência interior que cada um possui de si mesmo como vontade seria primitiva e irredutível[2]


Com isso então identificamos que, segundo este filósofo, cada ato do homem é movido pela vontade e que para ele está é insaciável.

Mas diferente do homem comum que vagueia em suas próprias filosofias, saciando suas vontades internas que lhe são maiores do que a razão e a moral, o homem cristão deve estar calçado basicamente em uma frase de Cristo antes de tomar alguma atitude:


Aproximou-se dele um dos escribas que os tinha ouvido disputar, e sabendo que lhes tinha respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos? E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.[3]


Fazendo a média destes dois versículos podemos observar que há uma palavra que é peculiar e que norteia aquilo que Jesus queria ensinar e esta palavra é amaras. A palavra Amaras como todos sabemos deriva da palavra amor e o que é o amor? Segundo Paulo é...


... é sofredor, é benigno, paciente; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; [4]


O que eu quero com tudo isso até agora é mostrar que realmente existe algo por trás que nos impulsiona e muitas vezes nos leva para algo que não queremos fazer.[5]Para

Schopenhauer essa força se chama vontade, para nós pecado, mas tais definições não importam, pois ambas podem nos levar para o erro.

Sabendo que a Vontade nos impulsiona para algo, nós Cristão devemos colocá-la submissa à Escolha. Assim, dentro do sistema que agora crio a Escolha para nós sempre deverá ser dominadora da Vontade que nos impulsiona. Sempre antes de tomarmos qualquer atitude temos duas opções: Fazer ou não fazer. Mas como saberemos qual é a escolha certa? Passando pelo crivo do amor! Viver ao lado do amor sempre será a melhor opção.


- Se quero matar alguém?Escolho amar, pois o amor é benigno, paciente, tudo suporta.

- Se penso adulterar? Escolho amar, pois o amor não folga com a injustiça, mas folga com a verdade

- Se que discutir com alguém? Escolho amar, pois o amor é benigno e paciente

- Se quero me dar bem prejudicando alguém ou mentindo? Escolho amar, pois o amor não procura os seus interesse, mas folga com a verdade


E assim optando por condicionar nossas Escolhas ao amor ante aos impulsos da Vontade, poderemos errar menos, pecar menos e quem sabe modificar o mundo com um cristianismo verdadeiro.



[1] Sandra Portella Montardo A vontade de Schopenhauer a Nietzsche: um impulso para duas transcendênciashttp://bocc.ubi.pt/pag/montardo-sandra-schopenhauer-nietzsche.pdf

[2] http://www.culturabrasil.pro.br/schopenhauer.htm

[3] Matheus 12- 28 a 31

[4] 1 Corintios 13 – 4 a 8

[5] Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. 15 Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço. 16 E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. 17 De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. 18 Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. 19 Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço. 20 Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim. 21 Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo.