sexta-feira, 3 de julho de 2009

A Vontade submissa a Escolha

Algo de muito curioso na filosofia de Schopenhauer é observar que ele coloca a vontade como sendo a raiz metafísica do mundo e da conduta humana, ou seja, é ela quem rege todas as nossas atitudes.

E isso porque, dado que a vontade é insconsciente em si mesma, ela prescinde da ação do homem para tornar-se consciente de seu querer e do seu objeto.[1]


Segundo o autor de O Mundo como Vontade e Representação, a experiência interna do indivíduo assegura-lhe mais do que o simples fato de ele ser “um objeto entre outros”. A experiência interna também revela ao indivíduo que ele é um ser que se move a si mesmo, um ser ativo cujo comportamento manifesto expressa diretamente sua vontade. Essa consciência interior que cada um possui de si mesmo como vontade seria primitiva e irredutível[2]


Com isso então identificamos que, segundo este filósofo, cada ato do homem é movido pela vontade e que para ele está é insaciável.

Mas diferente do homem comum que vagueia em suas próprias filosofias, saciando suas vontades internas que lhe são maiores do que a razão e a moral, o homem cristão deve estar calçado basicamente em uma frase de Cristo antes de tomar alguma atitude:


Aproximou-se dele um dos escribas que os tinha ouvido disputar, e sabendo que lhes tinha respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos? E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.[3]


Fazendo a média destes dois versículos podemos observar que há uma palavra que é peculiar e que norteia aquilo que Jesus queria ensinar e esta palavra é amaras. A palavra Amaras como todos sabemos deriva da palavra amor e o que é o amor? Segundo Paulo é...


... é sofredor, é benigno, paciente; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; [4]


O que eu quero com tudo isso até agora é mostrar que realmente existe algo por trás que nos impulsiona e muitas vezes nos leva para algo que não queremos fazer.[5]Para

Schopenhauer essa força se chama vontade, para nós pecado, mas tais definições não importam, pois ambas podem nos levar para o erro.

Sabendo que a Vontade nos impulsiona para algo, nós Cristão devemos colocá-la submissa à Escolha. Assim, dentro do sistema que agora crio a Escolha para nós sempre deverá ser dominadora da Vontade que nos impulsiona. Sempre antes de tomarmos qualquer atitude temos duas opções: Fazer ou não fazer. Mas como saberemos qual é a escolha certa? Passando pelo crivo do amor! Viver ao lado do amor sempre será a melhor opção.


- Se quero matar alguém?Escolho amar, pois o amor é benigno, paciente, tudo suporta.

- Se penso adulterar? Escolho amar, pois o amor não folga com a injustiça, mas folga com a verdade

- Se que discutir com alguém? Escolho amar, pois o amor é benigno e paciente

- Se quero me dar bem prejudicando alguém ou mentindo? Escolho amar, pois o amor não procura os seus interesse, mas folga com a verdade


E assim optando por condicionar nossas Escolhas ao amor ante aos impulsos da Vontade, poderemos errar menos, pecar menos e quem sabe modificar o mundo com um cristianismo verdadeiro.



[1] Sandra Portella Montardo A vontade de Schopenhauer a Nietzsche: um impulso para duas transcendênciashttp://bocc.ubi.pt/pag/montardo-sandra-schopenhauer-nietzsche.pdf

[2] http://www.culturabrasil.pro.br/schopenhauer.htm

[3] Matheus 12- 28 a 31

[4] 1 Corintios 13 – 4 a 8

[5] Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. 15 Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço. 16 E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. 17 De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. 18 Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. 19 Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço. 20 Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim. 21 Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo.

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